FESCAB - Fórum Estadual setorial de Culturas Afro-brasileiras, promoveu roda de avaliação com conselheiros negros nos colegiados do CNPC/ MINC. |
Por uma falha técnica, registramos em vídeo pouco menos de meia hora de conversa, mas muito mais foi dito e passo a registrar, em texto, parte daquilo que não se registrou em vídeo.
A primeira roda de avaliação sobre a política de cotas e a participação negra na política cultural, reuniu Rodrigo Ethnos e Domingos Conceição, conselheiros para o mandato de 2015/17 nos Colegiados de Circo e de Livro Leitura e Literatura, respectivamente,
A conversa teve relatos de manifestações racistas por parte de delegados não negros, frases como "o MinC precisa para com esse debate de culturas afro-brasileiras e indígenas e voltar a discutir arte de verdade" (no circo), e também denuncia da participação de outros que se candidataram pelas cotas e que não demonstravam nenhum compromisso com as lutas e causas dos descendentes de africanos na diáspora brasileira. Esses diziam que não queriam saber de debater relação da política cultural com a Lei 10,639/03, e que se interessavam mais era pelo fomento de sua produção artística, do que pela literatura afro-brasileira (livro, leitura e literatura).
Tanto Domingos, quanto Rodrigo, demonstraram preocupação com o fato dos produtores de arte e cultura se demonstrarem alheios ao debate público que se instalou no Brasil a partir da adoção de políticas afirmativas na primeira década do século XXI, e criticaram a fraude nas cotas e a troca do debate de idéias pelos conchavos de votação por parte desses delegados. A imagem que ficou é de que, para a maioria dos delegados, interessava mais fazer articulação para serem titular do colegiado, do que debater estratégias de construção de diretrizes para a política cultural que respeite a diversidade étnica e racial brasileira.
Táta Kinamboji, que mediava a conversa, acrescentou relatos de indiferença de conselheiros de linguagens artísticas e áreas técnicas que exerceram mandato de 2012/15, quando as demandas da matriz cultural africana eram colocadas em debate no Conselho Nacional de Política Cultural, e ainda falou das táticas de negação de direitos que os gestores promoviam, e terminou por alertar que o racismo institucional é um problema cotidiano que impede que a política pública da cultura cumpra com o que está estabelecido em leis como o Estatuto da Igualdade racial, ou em decretos como o que institui o Plano de Desenvolvimento Sustentável de Povos e Comunidades Tradicionais.
Apesar do assunto denso, a roda de conversa aconteceu como um divertida manhã de domingo na praça, e sem platéia fixa, mas que, de tão interessante, chamou a atenção e a participação de grupos de estudantes e da população que se divertia no entro de Belém.
Como disse o Jean Ribeiro, foi um 'domingo no parque'.
O Fórum Estadual Setorial de Culturas Afro-brasileiras tem a intensão de continuar esses debates em praça pública e outros espaços, e em breve teremos outras rodas de avaliação desse processo de eleição.
Confira abaixo o registro em vídeo da webTV Azuelar.
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Excelente a síntese precisa reforçar a ideia de um projeto de nação tendo como paradigma a luta histórica do Movimento Negro Brasileiro. Precisamos contaminar o Brasil desse argumento, e aproveitar para que o que fizemos chegue até esse encontro sobre o "Território do Livro, leitura, Literatura e biblioteca que inicia hoje e vai ate o dia 2 de dezembro em Brasília, que o Almeida Jr. não foi e não possibilitou com que eu fosse.
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